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domingo

"Dawn of the Dead": Let's go to the mall, it might be fun!


Ano: 1978
Realização: George A. Romero
Argumento: George A. Romero
Fotografia: Michael Gornick
Montagem: George A. Romero (Dario Argento para a versão europeia)
Música: The Goblins
Elenco: Ken Foree, Gaylen Ross, David Emge, Scott H. Reiniger e Tom Savini


O sucesso de “The Night of the Living Dead” foi acompanhado por inúmeras solicitações de uma sequela, que George A. Romero acabaria por efectivamente concretizar, mas apenas cerca de dez anos volvidos. Justificando esta demora com a subversão de que impregnou as suas obras e a irreverência que lhe custou uma carreira auspiciosa, o realizador afirma com toda a naturalidade “aguardei a chegada de uma ideia original”. Pelo caminho foi recusando a realização de vários projectos numa luta perseverante contra a máquina mercantilista de Hollywood na qual Romero simplesmente não conseguia e não queria engrenar.

A ideia veio finalmente. Após um jantar promovido por um amigo, George Romero é convidado a visitar o novíssimo Centro Comercial situado em Monroeville, uma localidade vizinha de Pittsburgh, por um dos comproprietários daquela superfície que no decurso da visita guiada e perante a grandiosidade do empreendimento constata que mesmo numa situação de holocausto nuclear se poderia sobreviver ali durante muito tempo. Mil trombetas soaram na mente de Romero que em constante ebulição formulou de imediato a ideia base do que se avizinhava a tão esperada sequela da sua primeira obra: então e a um ataque de zombies?

O acto de concepção de “Dawn of the Dead” estava consumado e a primeira fase de gestação criativa de Romero deu-se em torno de um argumento negro e pessimista, em que a descrença absoluta no mundo e na sociedade tal como a concebemos anunciava o seu fim inevitável e até desejável.

Agora faltava apenas assegurar o alimento monetário para que o embrião se desenvolvesse, o que se afigurou difícil de alcançar nos Estados Unidos atendendo à imprevisibilidade de Romero enquanto realizador, bem como a sua auto-segregação do universo pré e pós-produção cinematográfico americano. Mas o projecto estimado em 1,5 milhões de dólares, que a prudência dos produtores americanos desaconselhava a perfilhar, viria a ganhar vida graças à audácia e à visão de Dario Argento, do seu irmão Claudio Argento e do produtor italiano Alfredo Cuomo. Em troca dos direitos de exploração do filme na Europa, os três italianos (que o produtor e sócio de George Romero, Richard P. Rubinstein, intitulou de “trio infernal”) financiaram o filme, investindo nele a maioria da verba necessária à sua realização. O remanescente do dinheiro reunido veio da ajuda de amigos, familiares e até mesmo das economias pessoais de Romero e Rubinstein. Tudo a postos para o parto de “Dawn the Dead”.


Nas entranhas de uma obra-prima

Numa estação de televisão local, alguns sobreviventes noticiam a crescente e, ao que parece, imparável invasão das ruas da América por mortos-vivos, seres excretáveis que em obediência a instintos primários atacam e matam os vivos para se alimentarem. Os ânimos encontram-se ao rubro, divididos entre o desespero instalado pela ausência de uma resposta eficaz a esta praga incontrolável e o apelo forte dos próprios instintos de sobrevivência dos que vão resistindo ao contágio e aos ataques dos zombies.

Francine (Gaylen Ross), uma das técnicas da estação de televisão, a convite de Stephen (David Emge) o seu namorado, decide tentar a sorte a bordo do helicóptero que este utilizava normalmente no exercício das suas funções enquanto controlador aéreo do tráfego automóvel e que agora servia como meio de transporte mais seguro para fugir fosse para onde fosse.

Em paralelo, num prédio da cidade a polícia acaba de matar um grupo de marginais barricados no seu interior, e como bónus descobre que o edifício está infestado de zombies que surgem de todas as direcções, famintos por carne fresca. O prédio torna-se então palco de um festim de violência e sangue impressionante onde se rebentam com cabeças em explosões sangrentas que pintam de miolos as paredes e são dadas dentadas mortíferas que arrancam pedaços de carne aos vivos como de algodão doce se tratasse, num espectáculo de tiroteio e gore de encher os olhos.

A meio da matança, Peter (Ken Foree) e Roger (Scott H. Reiniger) dois polícias das forças especiais, encontram-se na cave do edifício, mesmo a tempo de assistir a um número considerável de mortos-vivos em plena hora de refeição, refastelando-se com bocados do que haviam sido órgãos e ossos de pessoas. Enojados e atordoados com a loucura de toda a situação, decidem apanhar a boleia de Francine e Stephen.

É neste quadro de perturbante agitação social, de violência física e emocional que se desenrolam as primeiras cenas de “Dawn of the Dead”. Ao cair da cortina, George A. Romero pinta o retrato de um país mergulhado no caos, em pânico perante a impotência e a incompetência dos poderes instituídos para restaurar a ordem e acabar com a praga que grassa o país, deixando terreno aberto para o crescendo da força pública. Vemos então os habitantes locais, homens honestos de família, juntamente com as autoridades policiais, todos eles armados até aos dentes, organizados em milícias que num espírito de piquenique, reforçado pela música tipo “passeio de domingo” que acompanha toda a cena, a disparar despreocupa e friamente sobre os mortos-vivos como se estivessem a caçar patos. Com esta cena chocante de tão próxima à realidade, o realizador esfrega-nos na cara, envergonhando-nos com o comportamento-tipo, inconsciente e primitivo, que o homem mecanicamente assume sempre que se sente ameaçado, acabando por ser ele mesmo a verdadeira ameaça. De referir que todo o aparato de homens, carros e armamento utilizados na realização desta cena foram disponibilizados pela Guarda Nacional de Pittsburgh itself, que inclusivamente fez questão de participar no filme, num gesto de boa vontade e solidariedade, proporcionando assim gratuitamente à sua celebridade conterrânea os meios que o apertado orçamento do filme não permitiria custear.

O estado de sítio instalado na tela toma de assalto a cadeira do espectador revelando que o argumento inicial, negativista e introspectivo, havia evoluído para uma sátira social aguçada e sangrenta perspectivada numa dinâmica de acção perfeitamente temperada com o horror e o gore, num repasto delicioso.

Feito o enquadramento geral do estado da nação, o realizador passa a desenvolver num segundo momento a psicologia das personagens centrais e os seus dramas pessoais num contexto espacial mais circunscrito, onde a tensão vai subindo gradualmente de tom conforme se vão sentindo encurralados, ao invés de protegidos.

Depois de virarem as costas às suas anteriores funções, os quatro protagonistas sobrevoam os céus na procura de um abrigo onde possam estar a salvo dos zombies. Com pouco combustível e perante a desesperante constatação de que todo o território se encontra invadido pelos famintos seres, aterram no tecto do centro comercial com o objectivo de descansarem por um momento para restabelecer forças e reunir o indispensável para prosseguirem viagem. Contudo a abundância evidente de todo o género de bens e utensílios necessários a uma estadia confortável foi refreando a vontade de partir daquele Éden de materialismo, onde decorre então toda a acção e onde as filmagens tiveram maioritariamente lugar, para bem e para mal.


A disponibilização daquele espaço para a rodagem de “Dawn of the Dead” teve a virtualidade de potenciar ao máximo o argumento, de modo que os cenários e a história encaixam como almas gémeas. O realizador teve assim a possibilidade de traduzir, com grande exactidão, no espaço físico, as ideias que lhe fervilham na mente, o que certamente não foi alheio ao estrondoso sucesso do filme.

Mas nem tudo são rosas e tratando-se de um local de comércio real, George Romero viu reduzidas as horas de filmagens ao período em que o centro comercial estava encerrado ao público, o que significa que o realizador, toda a sua equipa técnica, os actores e a horda de figurantes apenas podiam trabalhar durante a noite, das 22h às 7h da manhã.

Instalar todo o equipamento necessário, maquilhar as centenas de zombies, filmar as cenas e arrumar tudo de novo para deixar o centro comercial pronto para a abertura em menos de 9 horas, foi uma condicionante apenas ultrapassada pelo elevado espírito de colaboração entre todos e pelo carinho profundo a um Romero atencioso e paciente que fez das filmagens de “Dawn of the Dead” uma enorme brincadeira em que todos se divertiam, esquecendo o desgaste provocado pelas exigências horárias da rodagem.

Obviamente que esta limitação obrigou George Romero a fazer ginástica de meios e pessoas de modo a que se conseguisse fazer o máximo, no menor tempo possível. Para esse efeito o realizador e Michael Gornik, responsável pela fotografia, nutrindo uma cumplicidade e compreensão recíprocas, colocavam-se em campo, a maior parte das vezes com a câmara às costas e filmavam os planos fixos. Posteriormente George Romero cortava, colava, e dispunha da forma que entendia mais conveniente, fazendo uso do treino adquirido num dos seus primeiros empregos como editor.

Outro inconveniente que Romero teve de contornar foi o dispositivo automático de música do centro comercial, que ninguém sabia programar e que por isso surpreendeu muitas vezes o realizador durante as filmagens das cenas, optando por incluí-las. Já que não os vences...

A Tom Savini, a cargo dos efeitos especiais (para além de duplo e actor), o excesso de trabalho apenas desenvolvia a imaginação. Incansável, procurava superar-se a cada nova cena e “melhorar” o aspecto dos zombies, bem como inventar modos de tornar mais realistas as explosões, o sangue, os ferimentos e as amputações. Este problema foi resolvido em grande parte pela contratação como figurantes de pessoas realmente sem algum dos seus membros. Romero refere que toda a equipa aguardava sempre com ansiedade a chegada de Savini ao local das filmagens para verem que novidades nojentas e repulsivas trazia ele nesse dia. E Savini não desapontava. Por exemplo, na cena em que um dos motards (interpretada pelo seu amigo e colaborador Taso N. Stavrakis) é esventrado pelos mortos-vivos, Savini usou os intestinos de porco que pediu no matadouro situado perto da sua casa, e que Taso lavou freneticamente com água a sabão antes de Savini o aplicar directamente sobre a sua pele.

Invadidos pelo entusiasmo da equipa técnica, os próprios figurantes tentaram encarnar com o máximo de credibilidade o comportamento esperado de um morto-vivo, e cada um desenvolvia a sua maneira de andar e de se expressar, o que Romero fomentava e bem, porque a linguagem corporal dos zombies ainda que homogénea foi enriquecida com as particularidades de cada um deles. Mas não ficavam por aqui, além de zombies queriam todos ser o zombie mais asqueroso possível e de preferência daqueles que comiam carne humana. Os figurantes foram efectivamente possuídos pelo espírito dos seres horripilantes que interpretavam.

O Consumismo apocalíptico

“Dawn of the Dead” traduz-se indiscutivelmente numa crítica mordaz à sociedade de consumo, o que é patente desde logo nos mortos-vivos, que se arrastam pelos corredores do centro comercial com a aparência perdida e o olhar vago que os caracteriza. Movidos pela réstia de recordação das suas vidas anteriores de que o centro comercial era uma local importante, antro querido e onde gostavam de estar, deslocam-se para lá onde ficam a deambular letargicamente. Qualquer semelhança com a vida real, não é certamente pura coincidência.


Mas a temática assume maior expressão a partir do momento em que os quatro protagonistas se entrincheiram no centro comercial. Depois de “limparem” a casa de qualquer vestígio de mortos-vivos, operação durante a qual Roger é mordido e em consequência condenado a morrer, começam a sentir-se aliviados, acomodados a um espaço que lhes garante a satisfação das necessidades básicas e ainda de alguns luxos. Quase esquecem o mundo real em perigo de extinção pela ameaça zombie.

George Romero filma como se os protagonistas estivessem num sonho, onde vivem numa enorme casa com fontes, plantas exóticas e até uma pista de patinagem inteirinha para eles, coloca-nos perante a nossa incontornável fragilidade e os processos subconscientes que engendramos para lidar com a mesma.

Um destes processos consiste precisamente em camuflar atrás da aparente sensação de segurança proporcionada pela posse de coisas e bens, pelo poder de compra e pelo dinheiro, o medo de enfrentar uma realidade para quase todos assustadora – a morte. Na falta de resposta satisfatória para as grandes questões existenciais de uma vida efémera e aparentemente sem objectivo, o Homem vira-se para o mundo palpável que ele conhece e, sobretudo, que pode ter e controlar. Passa então a rever-se no universo de objectos com que se rodeia transferindo para os mesmos e para a respectiva obtenção, a razão do seu nascimento e propósito de vida. O Ter passa a preceder o Ser e em última análise acaba por substituí-lo. As frestas abertas pelo vazio interior são assim e ainda que brevemente, colmatadas pela beleza ilusória do mundo exterior, com as suas cores apelativas, os seus prazeres de infindável variedade e a plenitude imediata que se reduz de novo ao vazio quando não temos ou nos é retirado tudo isto. É já mítica a tendência feminina de ir às compras sempre que o namorado a abandona, para não falar do amor incondicional masculino pela sua viatura automóvel.

Porém, a morte permanece inexplicavelmente o calcanhar de Aquiles deste esquema instintivo para contornar a reflexão sobre os verdadeiros propósitos da vida. George Romero plasmou de forma descarada em “Dawn of the Dead” a essência deste drama humano através da alegria dos protagonistas enquanto andavam livremente às compras pelo centro comercial. Parecem crianças num recreio, conforme mostra Roger ao descer as escadas rolantes tipo escorrega. Escolhem, com um sorriso nos lábios e um brilho no olhar, a melhor comida, as roupas que sempre quiseram e até mobilam o compartimento onde se refugiaram, dando-lhe um aspecto de verdadeiro lar. Mas os mortos-vivos estão à porta de casa. Não têm por isso para onde ir, mas sabem que também não podem ficar. Genial, é simplesmente o que se pode dizer da forma inteligente como George Romero retratou estes paradoxos da existência humana.

A onda de solidariedade que inundou Pittsburgh em relação às filmagens de “Dawn of the Dead” atingiu também os proprietários das lojas do centro comercial que tiveram todo o gosto em abrir as portas dos seus estabelecimentos a Romero, autorizando-o a utilizar e filmar o interior de algumas lojas. Imagine-se que até a agência bancária situada no interior no centro comercial contribuiu, emprestando a Rubinstein os vinte mil dólares que Peter e Stephen atiram ao ar numa das cenas, e que uma vez rodada foram devolvidas ao Banco, faltando apenas 4 dólares que até hoje ninguém sabe o que lhes aconteceu. Realmente uma cidade unida jamais será vencida.

O consumismo irrestrito por parte dos protagonistas, enquanto padrão geral de comportamento, serve deste modo de pano de fundo à revelação das personagens e ao desenvolvimento dos temas subjacentes a cada uma delas.

A mulher, por exemplo, através de uma Francine determinada, sai do estado catatónico em que se encontrava Barbara em “The Night of the Living Dead”. Apesar de grávida, exige um papel activo no desenrolar da acção, opõe-se a qualquer paternalismo dos machões de serviço, aprende a pilotar o helicóptero e surpreendentemente, sobretudo num filme de terror, não grita. É o despontar da mulher moderna que na luta pela igualdade de oportunidades procura, destemidamente, conciliar a carreira com a maternidade, preservando a sua independência como um direito adquirido do qual não está disposta a abrir mão, mesmo que o preço a pagar seja por vezes a afectividade de um homem. Francine encarna esta viragem assumida de mentalidade.

Peter, pelo contrário, segue o bom exemplo do seu predecessor e à semelhança de Ben assume a liderança da situação. Com a mesma frieza de raciocínio, é capaz de traçar planos de fuga e tomar medidas de segurança eficazes que garantem ao grupo a sobrevivência. O facto de ser de raça negra, se em “The Night of the Living Dead” foi fruto do acaso, em ”Dawn of the Dead” é sem dúvida propositado. As minorias nesta sequela anti-social e subversiva, representadas por Peter e Francine são de longe as mais capazes, que no meio da loucura e da violência mantêm a sanidade e o senso de equilíbrio que as distingue dos seus inimigos irracionais. Por isso, são as únicas destinadas a sobreviver.

Os dias vão correndo até que uma pedra é lançada neste lago plácido de doce e confortável ilusão consumista, pelas mãos de um bando de motoqueiros. Romero, um passo sempre à frente, contratou para esta cena motards de verdade. Ora, o efeito foi literalmente estrondoso, tanto no realismo das cenas, como em termos sonoros. Felizes pela oportunidade única que Romero lhes acaba de proporcionar mas difíceis de controlar, os Motards invadem o centro comercial onde circulam ruidosamente com os seus orgulhos motorizados. Sendo um espaço fechado, o barulho provocado pelos motores das motos faz soar todos os alarmes e a confusão é instalada. Querendo aproveitar o cenário anárquico que tomou conta do espaço comercial, Romero vai para um lado, Michael Gornik vai para o outro, e sem comunicações devido ao barulho insuportável, filmam tudo o que podem. De doidos! Ou de génios...

E é nesta cena chave, um culminar apoteótico de violência, que é mais visível a diferença de abordagem entre a versão europeia e a americana do “Dawn of the Dead”. Bastante mais reduzida na versão estreada no velho continente, a invasão dos motards e a luta oferecida pelos recentes habitantes do centro comercial funciona como uma cena de acção e gore perfeitamente encaixada na lógica e no ritmo da narrativa, brindando-nos com cenas intensas de puro entretenimento.


Produção a quanto obrigas...

Todavia, na versão americana esta é precisamente uma das cenas de maior duração, onde Romero debruça-se mais profundamente sobre os dois lados das trincheiras e as motivações de cada um, pondo em perspectiva às falhas e às virtudes humanas das personagens.

Contudo, são notórias outras divergências nas versões deste filme de culto, na medida em que espelham duas visões artísticas distintas.

Na Europa, a versão de “Dawn of the Dead” acaba por ser o reflexo das opções de Dario Argento, que enquanto produtor decide retirar nove minutos à versão americana, concedendo especial destaque à intensidade da acção em detrimento da sátira social e das personagens. Para reforçar este aspecto, o incisivo realizador italiano, coloca a música poderosa dos Goblin a sombrear cada uma das cenas elevando ao triplo a eficácia da acção.

A versão que estreou nas salas americanas, pelo contrário, é o fruto da combinação equilibrada entre uma acção bem ritmada e o desenvolvimento satírico da crítica social subjacente, personificadas nos protagonistas cujas decisões vão cena a cena revelando a complexidade e ao mesmo tempo a simplicidade da natureza humana. A música aqui perde a sua agressividade para se misturar de modo mais brando na trama, sublimando cada um dos sentimentos que Romero pretende transmitir a cada momento, seja tensão, ridicularização de determinados comportamentos, ou claro, medo.

Numa terceira versão mais longa em 12 minutos do que a versão americana (recentemente editada numa edição DVD da Anchor Bay que recomendamos), George Romero demonstra claramente que a sua intenção inicial era expor abertamente o absurdo da nossa sociedade organizada, com recurso a um humor negro cortante. Como resultado, a crítica soa ainda mais feroz e perversa, fazendo desta a melhor versão de todas.

“Dawn of the Dead” é portanto a obra-prima de Romero e também a que obteve maior reconhecimento, sobretudo do público, valendo-lhe o título indiscutível de filme de culto.

O sucesso de “Dawn of the Dead” deixou no ar a ânsia de uma nova sequela e sede pelo que poderia ser o próximo passo de George A. Romero na sua mitologia do zombie, que foram saciadas somente 7 anos depois, com um infernal “Day of The Dead”.

31-08-2005 (autoria de IdoMind)

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